-Sabia que te encontrava aqui!
-Olá…
-Tentei ligar-te, tinhas o telemóvel desligado, só podias estar aqui…
-Só o mar é capaz de me acalmar e ouvir… um cliché tão verdadeiro.
-Perdeste-o?
-Não, nunca o tive… disse-me que não conseguia amar-me como o mereço, eu concordei. Mereço mais… só que o queria dele, foi sempre tudo tão perfeito com ele, connosco, inexplicavelmente nunca discutimos, nem mesmo hoje… olhou para mim com os olhos rasos de água, encheu o peito de ar e disse-me convictamente, ou tentando sê-lo, que era o fim.
-Foi pacifico?
-Sim, fiz o meu melhor sorriso, ou pelo menos o melhor que consegui, disse-lhe que apreciava, tal como sempre apreciei a sua frontalidade e recordaria todo o amor que me tinha dedicado e pedi-lhe para sair…
Fê-lo sem nunca olhar para trás, mas pude ouvi-lo a soluçar...
-A vida é cruel, não é?
-Não, nós e que temos dificuldade em aceitar os factos, as contrariedades e consequentemente aproveitar o melhor que ela nos proporciona. Mergulhamos?
- Ahahahahaha , bora !
-Espera vou despir-me, a alma, o corpo que afinal tu conheces tão bem…
- Sim, conheço e estimo… desejo, tu sabes que eu sou muito mais que um simples amigo.
E era de facto, a verdade é que sempre esteve lá, era quem me encontrava sempre, quando nem mesmo eu sabia por onde andava, tinha uma tal dedicação que me fazia sorrir mesmo depois de uma grande tempestade... como esta.
Nunca me pediu nada, nunca ousou ter-me, nunca me cobrou a sua amizade, porque não é pra cobrar mas só aproveitar dizia, era o meu grande amigo!
E mais uma vez esteve lá...
-És o meu anjo! Anda vamos mergulhar juntos, aliás vamos fazer de conta que este mar é só nosso, que esta lua apenas nos ilumina a nós e que quem manda nas coisas do coração e da alma somos nós dois… e eu quero amar-te… agora…