Deixem que diga que não concordo nada com a ideia de que a beleza interior é que interessa, o exterior é irrelevante e o que conta é a personalidade… só…
Hoje em dia há, eu diria, dois movimentos, por um lado, a beleza dita exterior, faz-se tudo o que for preciso pra se ficar esteticamente perfeito… ou não, incluindo silicone, botox e operações mais ou menos duvidosas, não importa, desde que fiquemos parecidas com a barbie .
Em paralelo há os que defendem que a beleza interior é que importa que pudemos pesar 300 quilos, mesmo assim a nossa beleza está e revela-se de dentro para fora…
Já eu, única e simplesmente não consigo desassociar uma beleza de outra, se é que são desassociáveis, quanto a mim é claro, estão intimamente interligadas, ou seja é óbvio que o nosso interior (e não falo das vísceras), é importante, realmente importante, mas o nosso exterior não será um pouco do reflexo interior?
O meu conceito de beleza é ligeiramente controverso, ou não tenha sido eu, o ‘patinho feio’ durante uns bons anos, mas adiante.
Por outras palavras que isto de interiores soa-me decoração, o nosso físico não estará relacionando com a mente, a alma?
Não há uma beleza imensa em mãos cheias de vida e com vida para contar, beleza em pele marcada pelo tempo, beleza em cabelos brancos contemplados pela chuva e sol, beleza na calma das gentes que a adquiriram com a experiência e maturidade?
Confesso que tenho uma inveja brutal das mulheres de 'entas ’, como lhe chamo e que exibem orgulhosamente as suas rugas, lindas, vivas, carregadas de experiência de vida e sabedoria sendo gordas, magras, altas ou baixas e espero que com péssimo feitio, que é o que se diz de quem tem personalidade vincada!
As pessoas gordas são inevitavelmente feias ou más pessoas, ou menos capazes, ou diferentes?
Suspeito sempre um bocadinho das grandes simpatias e de pessoas cheias de boa vontade, principalmente de quem passa a vida a dizer que o físico não interessa nada o que conta é o psicológico, tretas!
Essas são as frustradas que querem a todo custo fazer crer que apesar de se estar uma lástima por fora, há-de haver algo de bom lá dentro, duvido!
Eu sou ‘um amor ’ de pessoa mas se me pisarem os calos, bem podem esperar pelo meu bom feitio e há em mim sentimentos que considero bons, justos, verdadeiros, genuínos, o que não significa que me deixe levar só porque não sou a Angelina Jolie !
E há ainda a questão do ser-se linda ou não, acho que isso é daquelas coisas que ou nascem com a pessoa ou não, pronto nasceu-se perfeitinho, a mão natureza foi amiga, até porque a beleza não é universal, o que é esplendoroso para alguns não o será necessariamente para outros… felizmente…
Agora feio só é quem quer, hoje em dia há uma vasta escolha de opções que nos permitem minorar as nossas supostas imperfeições.
Mais o ser-se belo, parte da nossa atitude, auto-estima, confiança, escolha, vaidade.
Portanto que me perdoem os mais restritos nisto, mas a beleza exterior ou a verdadeira beleza se quiserem a mim interessa-me e muito, porque indiscutivelmente também se relaciona com a maneira de ser da pessoa, se a pessoa está bem por fora, vive bem por dentro, está de bem com ele e com os outros.
É óbvio que todos somos boas pessoas e temos sentimentos mais ou menos nobres, mas pra quem nos merece, uma pessoa antipática provavelmente é uma querida para os filhos e uma pessoa sendo uma brasa escultural pode ainda assim ser muito inteligente e nobre de sentimentos, assim como uma gorda e feia pode ser amarga devido às suas limitações.
Deixem-me ser feliz com as minhas estrias e o mau feitio!
Neste contexto parece-me que se vivermos bem com o que somos, seja física, seja psicologicamente, se trabalharmos na nossa auto-estima, se formos honestos principalmente connosco, a nossa beleza poderá ser eterna e mesmo a física não tem de ser efémera, porque se pode ser belo em todos a idades o espírito é sempre o fio condutor...