Quinta-feira, 2 de Novembro de 2006

Sozinha

Entrei em casa e despi-me de um dia demasiado pesado para os meus ombros, não acendi uma única luz.

A luz às vezes incomoda, faz-nos lembrar que existimos…

Um sapato, demasiado alto, na cozinha, outro na sala, a saia nas escadas, a camisa no toillete e o string à entrada do quarto… quando subi para a cama deixei o soutien no chão…

Não somos nada alem daquilo, corpo e alma, eu precisava conciliar-me com a minha.

A luz continuava desligada, não queria sequer perceber que ali estava, nunca percebi se somos nós que exigimos demasiado da vida, ou se a vida que exige demasiado de nós, às vezes só existir já custa tanto…

O telefone tocou… e eu deixei tocar, não era pra mim… era pra Marisa, forte e segura e simpática e bem disposta, plena. Eu era só a Marisa cansada, demasiado cansada, melancólica, vazia, esgotada…

Custa chegar à conclusão que o nosso melhor amigo é o espelho, que tudo o resto se rege sob aparências, protocolos e conveniências, os preços dos afectos estão cada vez mais elevados, como afinal tudo nesta vida.

Acendi a luz do candeeiro, olhei-me ao espelho que me emoldura todos os dias um sorriso e me prepara para mais um dia… doeu… muito.

Não chorei, chorar de mim depois de um dia tão mau e violento, era dar a vitória ao inimigo, eu não dou!

Inspirei, suspirei e arrepiei-me, começava a arrefecer, ou talvez a cair de novo em mim, a sentir-me, precisei tocar-me… gosto.

 

                       

Enrosquei-me em mim e deixei-me ficar num mundo perfeito, num sonho utópico, sem cobranças ou hipocrisias, um banho saberia bem… mas não agora, agora queria ficar só comigo, sozinha, que afinal é a única pessoa que gosta a sério de mim…

Escrito por Marisa às 09:41
Piacere | Grazie
De http://shakermaker.blogs.sapo.pt a 3 de Novembro de 2006 às 00:36
Ora viva Cara Marisa...

Lamento que tenha ficado suja de pó depois de ter vasculhado, com a sua habitual simpatia, os meus arquivos empoeirados. Sabe como é, o orçamento só me chega para ter aquela porteira de rabo alçado, logo não posso ter uma empregada doméstica e interna. Eu? Eu sou mesmo alérgico ao pó. Que pena...

Sabe, gostei imenso deste texto pois soa-me absolutamente verdadeiro. Não que os outros não me causem similar sensação mas este, mais do que todos, parece-me muito sentido. Sim, não digo sofrido, mas talvez com uma certa dose de angústia por um dia mal passado ou deveras cansativo.

Há de facto qualquer coisa naquela parábola do lar doce lar... Como se nos sentissemos mais seguros e confortáveis no nosso canto do que noutro lugar qualquer. Eu sou um pouco despegado do espaço mas reconheço que me sinto confortável sempre que estou sentado no lugar onde estou agora literalmente sentado. Toda a minha vida, duma forma ou de outra, passa pelo que decido neste lugar exacto.

Esta sua inteligência está para durar ou não tivesse realmente nascido com ela. Melhor do que isso, sabe como usá-la pois está ciente de que é inteligente.

Um abraço...
SHAKERMAKER
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