Sexta-feira, 30 de Junho de 2006

Uma mulher

Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela



a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca

uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,
a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora

                                               Bruna Lombardi

Escrito por Marisa às 10:01
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Quarta-feira, 28 de Junho de 2006

Sedutoramente tua

A expectativa era sobretudo, não de o conhecer pessoalmente, mas da sua reacção ao conhecer-me a mim…

Não por ser um homem, ou desconhecido… mas ele…

Sem perceber muito bem como, a insegurança apoderou-se de mim, a impulsividade, a frontalidade, a prontidão, a segurança, deram lugar ao nervosismo aliado a uma curiosidade enorme por ter aquele olhar… nos meus olhos.

Enquanto tomava um duche apressado, a adrenalina não permitia outra coisa, imaginava frases que deveria proferir, onde não deixava antever o que sentia.

                

Limpei-me, pus creme, perfume, e treinava sorrisos ao espelho, sorrisos firmes, sedutores, calmos… tudo falso…

Durante a criteriosa escolha da roupa, o que significa que tirei tudo o que considero minimamente aceitável do roupeiro, só pensava que precisava vestir algo de profundamente sedutor, altamente provocante, e que o fizesse olhar para tudo menos o que considero os meus atributos físicos… isso ficaria para depois.

Mas o que seria o ideal?

Jeans, é vestuário do dia-a-dia, aquela ocasião era tudo menos banal, saia tornar-me-ia demasiado formal, um vestido talvez, mas comprido é cerimonioso, um curto ok, mas se for com um decote dos que eu gosto, está tudo dito!

Pode ser o azul, decote comedido, assenta-me bem e sempre me permite levar os meus sapatos altos pretos!

Está decidido!

Cabelos soltos, queria ser fiel ao que sou!

Daí a meia hora estaria a cumprimentá-lo e queria estar muito bem.

É engraçado, já tomei centenas de cafés com pessoas ditas desconhecidas, é uma atitude até certo ponto do quotidiano, neste caso, era tudo menos comum.

Ele não era comum, não era sequer um qualquer desconhecido…

Sem nunca nos termos visto, conhecemo-nos tão bem, partilhamos tanta coisa, algumas banalidades, muitas confidencias… vou vê-lo finalmente… e ele conhecer-me a mim... que arrepio.

Saí de casa apressadamente sem tentar pensar muito bem no que se seguiria, dirigi-me à esplanada, sentei-me, cruzei a perna, pousei a mala…

E aqueles cinco minutos que se seguiram foram os mais longos da minha vida, cheguei a pensar que ele não viria, aliás porque viria, valeria a pena vir de tão longe só pra me ver, ‘conhecer o teu sorriso’.

Veio… sentou-se e simplesmente olhou pra mim, tudo o que eu tinha pensado, todas as frases de ocasião, os sorrisos preparados, falhou tudo.

A sedução deu lugar a simplicidade, naquele encontro tão desejado e temido, caí em mim, fui só eu…

-Olá…

-Piacere …

E sorrimos em simultaneo , como que selando aquele que seria um principio muito promissor...

Escrito por Marisa às 09:37
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Segunda-feira, 26 de Junho de 2006

Chuva

Há dias que só por si nos trazem a alegria de viver!
O que eu adoro estes dias de primavera, em que teima cair uma chuvinha miúda, que contrasta com o dia quente e que nos convida a passear pela chuva...
Fico deliciada com as gotas a escorrerem pela face, a  entrarem por sítios impenetráveis, a abusarem do meu corpo, a sentirem o calor da minha pele, sem limites... nem barreiras...
Saí daqui com um sorriso de criança, fui para casa, larguei tudo no sofá, descalcei-me, só pra sentir a relva molhada, pus uma música bem sensual e corri para o jardim, onde rodopiei, dancei, sorri... e a chuva caía...
Que delicia sentir a chova a tocar-nos, um corpo quente, uma pele sedenta, cabelos encharcados, o cansaço de quem não consegue parar perante tal visão...
-Nunca vais deixar de brincar, à chuva, pois não?
-Ahahahahahaha , estavas aí?
-Desde o principio, num dia destes só podia esperar que chegasses a casa e fosses para o jardim, brincar à chuva, e a visão é...
-E não queres vir fazer-me companhia...
-Estás encharcada, descalça, vais ficar gripada...
-Pois vou, a não ser que o corpo não arrefeça, aliás acho que vou tirar a camisa, só pra não se molhar mais, e os jeans ...
-Ahahahaha , fazes bem...
-Melhor... vou sentar-me naquela mesa e deixar que a chuva me entranhe a alma.
-Não... deita-te, prepara o banquete... eu estou esfomeado...
-Anda...
            
Escrito por Marisa às 14:21
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Sexta-feira, 23 de Junho de 2006

O sexo é sagrado...

O sexo é sagrado,
como salgadas são as gotas de suor
que brotam dos meus poros
e encharcam nossas peles.
A noite é meu templo
onde me torno uma deusa enlouquecida
sentindo teus pelos sobre a minha pele.
Neste instante já não sou nada,
somente corpo,
boca,
pele,
pêlos,
línguas,
bocas.


E a vida brota da semente,
dos poucos segundos de êxtase.
Tuas mãos como um brinquedo
passeiam pelo meu corpo.
Não revelam segredos
desvendam apenas o pudor do mundo,
descobrem a febre dos animais.

Então nos tornamos um
ao mesmo tempo em que
a escuridão explode em festa.
A noite amanhece sem versos,
com a música do seu hálito ofegante.
O sol brota de dentro de mim.
Breves segundos.
Por alguns instantes dispo-me do sofrimento.
Eu fui feliz.

                                                                Cláudia Marczak

 

Escrito por Marisa às 09:07
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Quarta-feira, 21 de Junho de 2006

Amigos às cores e fodas de improviso

Se há expressão a que eu acho piada é 'amizade colorida'.
Portanto fomos amigos toda a vida, mas de repente lembramo-nos que o outro até é do sexo oposto, e já que estamos pra aqui sem fazer nada, siga!!!
Hoje em dia há rótulos para todo o tipo de relações, o que não pode acontecer é um desejo que falou mais alto, ou uma atracção incontrolável, ou uma foda porque sim!
Não senhor, se somos casados é amante, se namoramos foi um acidente, e se é nosso amigo, passa a ter muitas cores!!!!!
Mas afinal qual o problema de admitir que, apesar de nosso amigo, tambem nos dá pica, tambem nos preenche sexualmente, além de nos ajudar a afogar as mágoas, afoga outras coisas...?
Faz-nos sentir bem, desejadas, admiradas, belas, mulheres...
O facto de ser amigo não pode evoluir pra namorado, e o facto de ter sido uma foda de improviso, significa que continuamos amigos ou continuamos a dar prazer um ao outro?
Quanto a mim os verdadeiros amigos nem têm sexo, logo não há assuntos de mulheres ou de homens, há assuntos de amigos, há confidências, há cumplicidade, se esse amigo amigo me faz sentir tão bem e tão mulher que até se coloca a hipótese de umas horinhas de prazer, se calhar não é uma amizade tão inocente e sem cobranças, depois muda tudo...
Afinal estamos com ele não só porque nos ouve, mas porque nos atrai...
Porque se aconteceu uma vez, pode haver segunda, porque a abertura perante determinados assuntos não será a mesma, porque o próximo caso, não será relatado tão fielmente ao nosso amigo...
Portanto é tudo uma questão de nome, ou se calhar de esclarecimento, ok damo-nos bem, somos amigos e tal, mas o que eu gosto mesmo é que me faças esquecer as tristezas com as mãos e língua... não é nada de oficial nem te vou apresentar aos meus pais como tal, mas fazes ir à lua e voltar, dás-me orgasmos amiguinhos...
                           
Ou então, posso até andar nua pela casa  e ele a ver-me, enquanto lhe conto o meu dia, que continuamos grandes amigos e confidentes, mas nada  além disso!
O desejo e a atracção é que decidem se a amizade se torna colorida ou fica a preto e branco, sendo que não os devemos contrariar, mas se há alguem que apesar de ser um bom ouvinte e que está lá sempre que é preciso, tem algo que nos faz suspirar, ou imaginar outros cenários, para além de ir almoçar com ele, se calhar a amizade nem é tão determinante e inocente...
-Então, estiveste com quem?
-Com um amigo.
-E foi ele que te colocou esse sorriso rasgado na cara... e deixou o soutien desabotuado?

Escrito por Marisa às 09:00
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Segunda-feira, 19 de Junho de 2006

Margueritas e sorrisos...

Tínhamos combinado algo de muito especial…

Devo dizer que há muito não me arranjava tão sublimemente, ou pelo menos com essa ansiedade e entusiasmo.

O meu vestido preto de costas desnudadas, as minhas sandálias de salto alto de camurça, o cabelo apanhado com um travessão, e a maquilhagem, o perfume, tudo bem cuidado.

-Vou buscar-te por volta das 21:00! - Pensava eu enquanto passava creme nas pernas.

As 21.00 chegaram e eu ia jurar que demoraram dias a chegar tal era a expectativa do que me esperava… e chegaram as 21:30… e as 22:00.

E um telefonema apressado:

-Querida perdoa-me, não vamos poder sair, surgiu um grande imprevisto, assim que esteja despachado, vou ter à tua cama.

             

Vais é o caralho – pensei eu – não vou ficar aqui o resto da noite, dentro deste vestido a ver comédias românticas, a chorar baba e ranho e a esperar que tu chegues sabe-se lá quando, pra me dares um beijinho dizeres desculpa e já está… desta vez não!

Se não vens tu, vou sair eu, afinal estou tão especialmente sexy hoje…

Comi qualquer coisa, já que o jantar estava adiado e saí, podia ter ligado a uma amiga, ou a um amigo, ou ter ido ao bar do costume, mas não, fui para bem longe, onde dificilmente alguém me conhecerá, onde a misteriosa mulher possa estar longe de tudo, provavelmente de si, para depois voltar à grande frustração que seria aquela noite.

Passei por um bar que me pareceu bem, calmo, gente bonita, balcão enorme como eu gosto, música ao vivo.

Entrei.

Pedi uma marguerita, sentei-me a balcão e fiquei a ouvir a música de soslaio, agradava-me aquela nova faceta da minha vida, algo de impensável até então!

Nunca me lembro de ter ido a um sítio sequer semelhante aquele, sozinha, e a verdade é que me estava a saber muito bem. Entregue a mim própria…

Aproximou-se uma voz masculina, que me perguntou:

-Sozinha?

-Sim, e pretendo continuar assim.

-Peço perdão, com licença.

E continuei, ali sentada a ver alguns pares a dançar, alguns casais a rirem e namorar, o que me magoava profundamente.

-Desculpe, mas devo insistir, posso convidá-la para dançar?

-Pode, eu é que insisto que pretendo continuar aqui.

-É óbvio que ficou pendurada, ninguém vem tão deslumbrante para um bar, para ficar ao balcão a tomar margueritas, a ouvir música e a roer por dentro.

Por uma vez tive de levantar a cabeça, olhá-lo de frente… quem pensa ele que é, a confrontar-me com a realidade?

 E o que vi, foi um homem de meio idade tremendamente charmoso, não consigo apontar-lhe uma característica especifica que me encantasse, mas o todo era fenomenal, um sorriso absolutamente avassalador.

-Sabe que noutras circunstancias, ou já o teria mandado para algum sitio?

-Provavelmente, mas ambos perderíamos com essa rispidez, vá lá a sua noite não tem que ficar estragada, só porque não foi o que pretendia, deixe-me ajudá-la a recuperar…

Levou-me para uma mesa, pediu outra marguerita e ficámos ali durante horas que pareceram escassos minutos, a falar e a rir, e a saborear uma amarga noite, que se revelou maravilhosa, prazerosa.

Trocámos os números de telefone, combinámos uma saída para breve.

Se o voltarei a ver… não sei, mas que a noite foi inesquecível, disso não tenho a mais pequena dúvida.

Cheguei a casa já quase amanhecia, despi-me na sala, como faço sempre, fui directa à casa de banho e quando me ia deitar, reparei que ele já dormia… ahahahaha...

 

Escrito por Marisa às 09:54
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