Que magnifica visão, encostou-se na ombreira da porta e deteve-se a ver aquele homem de meia-idade, cabelos cuidados, tremendamente sedutor, definitivamente a vida tinha sido generosa para com ele.
O cheiro a café chegou ao quarto e acordou-a com aquele magnifico aroma quente. Vestiu a primeira camisola que encontrou e dirigiu-se à cozinha, ainda com o sorriso com que havia adormecido na noite anterior, ainda com o cheiro dele cravado no corpo e sobretudo na alma…
Vê-lo ali de tronco nu, corpo bonito, pele escura e cheirosa, a preparar um café para eles, era algo tremendamente belo, excitante. O desvelo com que o fazia, a maneira como se movimentava, deixava perceber uma musculatura bem trabalhada, e por dentro daquele corpo um homem bom, generoso, culto, elegante, educado, cuidado, sensual… pensou enquanto o apreciava e percebia o quão feliz era, por tê-lo para si, naquele momento.
Sem que desse por isso, ele já a tinha avistado e como se ambos percebessem simultaneamente que o que se tinha passado, que aquela noite de amor e desejo, não era um sonho, mas luxuriosamente real, sorriram um para o outro, ela inebriada pelo cheiro do café que vinha da chávena que ele segurava, ele fascinado pela beleza que aquela imagem carregava, uma velha camisola de algodão sua a cobrir o corpo daquela mulher, nunca teria dado tanta importância a uma simples e velha camisola…
-Bom dia!
-Bom dia minha querida… dormiste bem? - Disse-lhe ainda incomodado com aquela visão.
-Sim, muito bem… e tu? - Perguntou com um sorriso quase infantil e igualmente sensual nos lábios, enquanto roçava uma perna ao de leve na outra e bocejava sedutoramente.
-Maravilhosamente bem, queres? – Mostrando-lhe a chávena que fumegava nas suas mãos.
Caminhou para ele, em bicos de pés, o que fazia subir a camisola, ligeiramente, deixando antever as ancas, e ele quis, secretamente, que a camisola encolhesse naquele momento… o chão estava gelado aliás como toda casa em si, pegou-lhe na chávena, pousou-a em cima da mesa, olhou para ele, ajeitou uma madeixa de cabelo e beijou-o meigamente nos lábios macios e delicados, sussurrou-lhe ao ouvido…
-Depois… bebemos depois…