Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e se concentra.
Eugénio de Andrade
Eu começo por dizer que domínio é pra mim, mais do que, ficar por cima, ou gritar 'fode-me cabrão', se bem que não me desagradem de todo... mas adiante.
Tenho alguma dificuldade em descobrir este termo 'domínio', refiro-me a relações pessoais é claro!
Quer dizer há dias em que me sinto uma autêntica puma capaz de dominar o que aparecer e deitar garras ao que vou comer... outros dias em que me apraz imenso ser domada, não dominada isso nunca, mas domada, porque quem o faz está à altura, porque aquele jogo de possessividade e força é estimulante e excitante. E agrada-me saber até onde pode chegar...
Deixar-me levar completamente por loucuras exuberantes, por pecados escondidos, por olhares dominantes, corpos possantes, amarras, palavras fortes, mandamentos poderosos e levianos, ficar subjugada ao prazer, a alguém...
Agora dominar é coisa para quem está bem resolvido com a vida e sabe o que quer e sobretudo gosta de dar prazer, emotividade, luxúria , poder, domínio é poder... e neste campo deixo-me levar por completo, porque sei que tenho mais a ganhar... Domínio é coisa da mente, de quem sabe e de quem quer ter prazer dando prazer, mas tomando as rédeas...
Nem falo de práticas sadomasoquistas, em que o domínio toma proporções mais físicas, mais dolorosas por vezes, ou em que uma das partes se sente dono, não! E não falo do domínio permanente, aprecio a independência de espírito , não quero tomar ninguém como meu, não permito que me tomem posse!
Depois de nos extasiarmos de prazer e ter terminado o jogo ou a fantasia de autoridade, de comando, voltaremos a ser donos de nós próprios dos nossos corpos, das nossas almas...
E adoro dominar, quando me sinto bem comigo e sei que a noite (ou dia) vai ser longa e o domínio começa num encontro onde faço questão de me impor e fazer valer as minhas vontades que invariavelmente são também as vontades da companhia, mas logo aqui se adivinha quem vai controlar a situação, quem vai ordenar ao ouvido, quem vai decidir como e onde vai ser... Quem será o último a adormecer...