Acordei transpirada, arrepiada, ofegante e completamente confusa, que caralho de sonho!
Levantei-me, vesti o kimono e desci à cozinha para tomar um copo de água a ver se desanuviava, primeiro queriam comer-me daquela maneira que a gente gosta, ainda por cima eram três, depois afinal queriam comer-me, comida, vivinha, credo.
Peguei no copo enchi-o, sentei-me na bancada que é um dos meus melhores locais de meditação e não me saia da cabeça aquilo.
Se dizem que os nossos sonhos são o reflexo das nossas vivências, quem serão os candidatos que me querem comer viva?
Que há uma data de filhos da puta desejosos de me fazer a folha lá isso é verdade, que há sorrisos que trazem veneno eu também sei, mas comerem-me…
-Não tens sono?
-Tinha, mas acordei sobressaltada e vim beber água, pra ver se acalmo…
-E estás mais calma?
-Sei lá, acho que sim, mas tive um sonho muito estranho, tenho que andar mais desperta, andam aí uns gajos que me querem comer…
-Ahahahahahahahah, a começar por mim!
-Pois, mas comer a sério pá!
-Eu também te quero comer a sério…
-Comer de comida, vivinha, a carne.
-Sim… eu percebo… e a conversa está a dar-me fome…
Sorriso de cabrão, foi-se chegando com aquela expressão faminta, de lobo mau que quer comer a netinha, baixou um pouco o kimono e mordeu ao de leve o meu ombro…
-Comer assim?
-Por aí, eu acordei antes dos gajos me comerem!
-Hummm então terei de ser eu a terminar o serviço, fez um suposto sorriso maquiavélico, que só me fez largar uma gargalhada.
Afastou-me a pernas, olhou para mim e disse, ‘Vou começar a comer-te por baixo, para ser mais doloso…’
Lambeu o dedo do pé, trincou ao de leve, subiu com a língua ao joelho e lambeu por trás, o que me provocou um arrepio forte, depois mordiscou a perna e foi subindo mordiscando cada centímetro, primeiro uma perna, depois outra, ora lambendo, ora mordendo, ora beijando, chegava à virilha e recuava, recomeçava no pé como que explorando todos os recantos de um suculento pedaço de carne…e eis que chegou ao prato principal…
-Estou esfomeado.
-E eu estou a aquecer…
Pegou em mim, levou-me até à mesa da cozinha, deitou-me, abriu o kimono e continuou o repasto, até ser madrugada…
O sonho afinal tinha razão de ser…