Sexta-feira, 22 de Dezembro de 2006

Na lareira...

Acordava bem cedinho, saltava da cama e ajeitava os cabelos, de pijama e peúgas corria para a cama dos meus pais…

Saltava lá pra cima e sem ter que perguntar nada, diziam-me:

-Vai ver junto da chaminé, eu ouvi-o a descer…

Lá bem no fundo eu sabia que estaria lá o meu presente e se calhar até sabia que aquele senhor gordo de barbas brancas, nunca passaria na chaminé, mas às vezes sabe bem acreditar no que queremos acreditar, o sonho pode continuar sempre...

Dava um beijo terno e apertado a cada um e corria para a cozinha, onde estava de facto um embrulho, ficava ali a olhar só para tentar prolongar o momento, que só voltaria a conhecer no ano que vem e depois pegava nele e corria novamente para a cama dos meus pais que já tinham percebido que não iam conseguir dormir mais.

Arranjavam um espacinho entre eles, onde eu me aninhava a mim e ao meu presente e depois aí abria-o… finalmente…

Normalmente era um jogo, ou um piano, ou algo do género, nunca achei muita piada a bonecas e ficávamos ali toda a manhã a brincar com a minha nova aquisição, a discutir como raio teria o pai natal voltado a subir a chaminé e será que tinha trocado de fato pelo caminho, aquele estaria todo preto…

Esses tempos não voltam mais, mas era esse o verdadeiro espírito natalício, é disso que me lembro sempre que penso no natal…

                  

                           

Hoje em dia, continuo a dormir de pijama e peúgas, aliás acho que fico um charme, continuo a acordar com os cabelos todos desgrenhados e continuo a ser curiosa o suficiente para querer muito ver os presentes, não corro para a cama dos pais (óbvio), mas continua a fascinar-me olhar para a lareira com os presentes alinhados, acho que gosto mais da expectativa de ir abrir os presentes, do que dos presentes propriamente ditos, o que gosto mesmo é da surpresa, de não fazer ideia do que lá está dentro, de saber que alguém se esforçou por me comprar algo que julga eu vou gostar.

Desço as escadas a correr, quero lá saber do meu tamanho e da minha idade, quem desce é a criança que permanece em mim, sem chinelos como sempre (desculpa mãe é mesmo feitio, desiste) e quase sempre já tenho a lareira acabada de acender pela minha mãe que me espera sempre, linda, e os presentes alinhados à sua frente… fico ali a contemplar aquele maravilhoso quadro, tenho a certeza de que por breves minutos não haverá nada de mais maravilhoso, as imagens da infância da outra casa, voltam todas ao presente e naqueles minutos tudo me parece perfeito, nada poderia suplantar aquela felicidade… depois abro-os, abrimos todos e acabou a magia… para o ano haverá mais…

 

Para todos um Natal muito feliz, do tamanho dos vossos sonhos!

Escrito por Marisa às 09:50
Piacere | Grazie
De Ca a 5 de Janeiro de 2007 às 13:46
«Não há nada mais triste que uma boneca não brincada», dá que pensar, para quem o faça...

O convívio, a partilha e o carinho são do melhor que o Natal envolve... pelo menos para mim...

O teu texto, deixou-me sem palavras...

Mulher quando tem que ser... criança quando pode ser... que mal tem??!!! Para mim, nenhum.

Um abraço muito, muito apertadinho.
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