Hummm , as saudades que eu tinha de fugir da vida!
Já não me lembrava de como é acordar e não ter que ir a correr para o banho, de não ter que tomar o pequeno-almoço a despachar, de não ter as rotinas mentalmente planificadas...
O prazer que é acordar e ficar a ronronar até quando apetecer, e tomar o pequeno-almoço à hora do almoço, e passear por aí sem destino e apreciar cada vida que por nós passa.
Encontrar pessoas e sorrir só porque gosto, sabendo que nunca as voltarei a ver e que sorri só porque quis, e mesmo assim mostrar-lhe um sorriso tão feliz...
Ficar numa esplanada a conversar ou simplesmente a olhar... tinha saudades de ficar a olhar infinitamente, e do silencio que ouvimos no meio de um burburinho... e de me ouvir a mim...
E ver o dia a terminar com a mesma calma, que o vi a nascer e a contemplar cada cor que se forma no céu, apreciar a brisa que começa a fazer sentir-se, arrepiar por fora e sobretudo por dentro...
E tinha-me esquecido como é bom fazer amor numa banheira impessoal, que não me conhece, mas nos acolhe tão bem, dedicar-me inteiramente aquele momento, e saber que outros virão, mas o meu acto fica lá, marcado na memória, cravado na alma, e saber que durante aquele tempo, o meu tempo é só nosso...
Tinha saudades de pensar como iria ser o meu dia, onde haveria de almoçar, o que faria de tarde, e de respirar feliz, porque ninguém me conhece, porque não há cobranças, porque ali só preciso de ser eu, longe da minha vida habitual tudo me sabe tão melhor...
Às vezes o melhor de fugir das nossas rotinas e voltarmos a encontrar-nos ... connosco...